COMO DIMENSIONAR O INVESTIMENTO EM UM PROJETO - PARTE 2
INTRODUÇÃO
Dando continuidade a “Como Dimensionar o Investimento em Um Projeto – 1”, vamos dar prosseguimento à estruturação do investimento total para um projeto. Para que isto aconteça, devemos primeiramente elaborar a programação dos investimentos que geralmente são baseados em estudos técnicos e de engenharia.
Porém, para determinação do Capital de Giro necessário para um projeto, nem sempre temos pronto em nossas mãos um Balanço Patrimonial onde podemos obter os valores do Ativo Circulante e do Passivo Circulante. Esta forma seria a mais fácil para se determinar o Capital de Giro Líquido.
Desta forma, apresentamos aqui um método alternativo para determinação deste importante item para o cálculo do Investimento Total necessário para um projeto e como as necessidades e fontes de recursos não ocorrem todos em um mesmo momento é necessária a elaboração de um cronograma de desembolsos de um projeto e a determinação das origens de recursos para o mesmo.
A programação dos investimentos fundamenta-se nas conclusões dos estudos elaborados pelos projetos técnicos da engenharia ou técnicos especializados, considerando o a própria engenharia básica, arquitetônica, construção civil, de instalações, de segurança industrial e de proteção ao meio ambiente, composta dentro outros, dos seguintes itens:
1 . Imobilizações Técnicas
- Terrenos e melhorias
- Construções civis / edificações
- Instalações
- Máquinas e equipamentos
- Tecnologia
- Veículos
- Móveis e utensílios
2. Gastos de Implantação e Pré-Operacionais
- Planejamento, organização e eventuais
- Despesas fiscais e transportes
- Despesas de montagem
- Estudos, projetos e consultorias
- Administração do projeto
- Despesas financeiras na execução do projeto
- Pré-operação e fases de testes
Contabilmente, as Imobilizações Técnicas correspondem ao Ativo Imobilizado, enquanto os Gastos de Implantação e Pré-Operacionais equivalem ao Ativo Diferido e a soma dos dois, no projeto, fornece o INVESTIMENTO FIXO, que representa o Ativo Permanente.
Cada um dos itens considerados anteriormente deve, ao constar no projeto, serem analisados e justificados. De modo geral, deverão todos serem apresentados as seguintes informações:
- Descrição das principais características; Especificações técnicas;
- Justificativa da escolha;
- Prazos de aquisição, execução ou entrega; Custos;
- Condições e períodos de pagamento.
Estas informações fundamentarão o estudo financeiro do projeto e a conseqüente elaboração do fluxo de caixa (cronograma de desembolsos, usos e fontes dos recursos).
Como vimos na publicação anterior, o método tradicional de se calcular o Capital de Giro de uma empresa é efetuado pela diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante.
Um outro método alternativo seria através do cálculo das NECESSIDADES e dos RECURSOS, considerando o giro de cada uma das contas mais importantes, elaborados da seguinte forma:
NECESSIDADES
Caixa Mínimo
(CustoTotal − Depreciação)× Num. de dias necessários de Caixa/360
Financiamento de Vendas
(CustoTotal − Depreciação)×% de Vendas a prazo × prazo médio concedido/360
Obs: Custo Total = Custo dos Produtos Vendidos + Despesas Operacionais + Despesas Financeiras com Empréstimos de Curto Prazo para Giro
Estoques
Matérias-Primas
(Custo Anual c /Matéria −Prima) × Num. de dias de estoques mínimo/360
Materiais Secundários
(Custo Anual c /Matérial Secundário) × Num. de dias de estoques mínimos/360
Produtos em Processo
(Custo Industrial − Depreciação)× Num. de dias de estoque de Produtos em Processo/360
Produtos Acabados
(Custo Industrial − Depreciação)× Num. de dias de estoque de Produtos Acabados/360
Peças e Material de Reposição
% sobre o valor total de Máquinas, Equipamentos e Veículos
Outros
Deverão ser consideradas as necessidades não classificadas nos itens anteriores e que, comprovadamente, façam parte do ciclo operacional da empresa.
RECURSOS
Crédito de Fornecedores
(Total anual das compras) ×% de compras a prazo × prazo médio obtido/360
Desconto de Duplicatas
Faturamento ×% de Vendas a prazo ×% descto.× prazo médio concedido/360
Financiamento para Giro
Este item deve representar o saldo dos empréstimos de curto prazo disponíveis destinados a financiar parte do Ativo Circulante. Obs: As despesas financeiras deste item deverão constar na Projeção de Resultados.
Impostos
Este item deverá registrar recebimentos relativos a impostos e contribuições (IR,ICMS, PIS, COFINS, ISS, etc.) que, retidos no ato da operação ou pagamento, passam a fazer parte do giro da empresa até a data do seu devido recolhimento e seu valor deverá ser calculado, observando-se a mesma proporcionalidade do último exercício em relação ao total das necessidades.
Outros
Deverão ser considerados, neste item, saldos de diversas contas a pagar anteriormente e não classificadas.
Capital de Giro Próprio
É obtido pela diferença entre todas as NECESSIDADES confrontados com a soma dos RECURSOS.
O investimento total do projeto é resultante da soma do investimento fixo (ativo permanente) com o capital de giro líquido (ativo circulante – passivo circulante). Este investimento deverá ser financiado por bancos (exigível de curto e longo prazo) e/ou recursos próprios (patrimônio líquido).
Compõem o investimento total, entre outros, os seguintes itens:
1. Investimento Fixo
2. Capital de Giro Líquido
Os elementos para a valoração dos itens acima, como visto, são fornecidos pelos estudos técnicos (Investimento Fixo = Imobilizações Técnicas + Gastos de Implantação e Pré-Operacionais) e financeiro (Capital de Giro Líquido).
É importante lembrar que para cada valor acrescentado junto ao Ativo Circulante (como Duplicatas a Receber, Estoques, etc.), estes deverão ser “financiados”, de alguma forma, por um grupo de contas correspondentes no Passivo Circulante (Fornecedores, Impostos a Pagar, etc.).
Quando isto não ocorre, será necessário buscar recursos para equilibrar os compromissos de curto prazo e manter a empresa “girando” as suas operações.
Vamos agora exemplificar o Investimento Total através de um quadro numérico hipotético:
Quadro I – Investimento Total
Obs.: O detalhamento e abertura das Imobilizações Técnicas e Gastos de Implantação e Pré-Operacionais depende de cada projeto. O modelo apresentado acima é apenas uma sugestão e cada caso deve ser analisado separadamente, dando destaque e abertura para os valores mais significativos, tomando o cuidado para que as contas não fiquem detalhadas em demasia para uma melhor análise dos valores.
O cronograma financeiro do projeto é elaborado tomando-se por base os seguintes aspectos:
- Condições técnicas / operacionais ditadas pela engenharia;
- Bases negociais para a estruturação do projeto;
- Ajustamento às fontes de recursos.
A execução do projeto – expressa no cronograma físico – estabelece as condições técnicas / operacionais que fixam os prazos de início, duração e conclusão das diversas etapas das obras, da aquisição e máquinas e equipamentos e dos demais itens que compõem o investimento fixo.
Trata-se de procedimentos seqüenciados que normalmente objetivam a eficácia dos esforços mobilizados, redução de prazos e de custos.
Nestes termos, cada item do projeto possui, a par do seu cronograma físico, o cronograma financeiro que define um calendário de pagamentos.
O estabelecimento das bases negociais refere-se aos esforços mobilizados para a obtenção da melhor combinação de prazos e condições de pagamento – para cada item do projeto – de sorte a otimizar a aplicação dos recursos, minimizando os encargos financeiros e o custo de capital empatado.
O ajustamento às fontes consiste na adequação dos prazos e das condições de pagamento à sistemática operacional dos financiadores. Ou seja, consiste na compatibilização do fluxo de caixa da execução do projeto com o fluxo de recursos disponíveis pelas fontes.
Evidentemente que a montagem do cronograma de desembolsos consiste num esforço de estimativa, corrigível e ajustável, posteriormente, no estágio de execução do projeto. A sua estruturação, contudo, é essencial para definir-se o esquema das fontes de financiamento.
Exemplo de cronograma de desembolsos para projeto de grande porte:
Quadro II - Cronograma de Desembolsos (Em R$ mil) (*)
(*) Com base nos dados do Quadro II ; (**) A realização foi prevista para 4 semestres.
A definição das fontes de financiamento envolve uma questão de alavancagem financeira. Ou seja, a decisão quanto à proporção da participação dos recursos próprios e de terceiros no investimento, depende dos resultados comparativos de diferentes taxas internas de retorno obtidas pelo projeto em consonância ao esquema de fontes adotado.
Exemplificando:
Vamos supor que um investimento de R$212.791,00, assumido inteiramente com recursos próprios apresenta, por exemplo, um taxa interna de retorno de aproximadamente 15% a.a.
O mesmo investimento financiado em 50% com taxa de juros real de 10% a.a., apresenta para os recursos próprios investidos (agora somente 50% do investimento total) uma taxa interna de retorno de 20%, considerando que o custo de capital de terceiros seja inferior ao custo do capital próprio.
Neste caso, tornou-se vantajoso o financiamento, posto que, o despeito das despesas financeiras reduziram o lucro do empreendimento (ou seja, o lucro será maior do que aquele obtido com todo o investimento realizado com recursos próprios), a taxa interna se eleva de 15 para 20% a.a., aumentando o nível da remuneração do capital próprio.
Na prática, a aplicação do conceito de alavancagem é bastante dificultada no Brasil pelo processo inflacionário, oscilação da taxa do dólar e determinadas peculiaridades da legislação.
Outrossim, a opção dos empresários, quanto a uma maior ou menor participação dos recursos de terceiros em seu esquema de fontes, é condicionada pelas suas limitações financeiras (que podem reduzir suas margens de alternativas) e pelas exigências das fontes externas de financiamento, como por exemplo a necessidade de apresentar garantias reais.
Contudo, não se deve perder de vista que o objetivo do investimento é a obtenção de lucro que assegure uma justa remuneração do capital aplicado comparativamente à mesma aplicação deste capital em outras formas de investimento.
Daí ser necessário buscar uma composição do esquema de fontes de recursos que apresentem os melhores resultados e possam propiciar a maximização do retorno sobre o investimento empregado.
Quadro III – Uso e Fontes dos recursos (Em R$ mil)
Boa Sorte
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ResponderExcluirPreciso de uma orientação e talvez de um serviço.
Lomanto
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