Vamos assumir que você caro leitor tenha a responsabilidade de elaborar uma análise econômica de sua empresa referente ao mês de janeiro de 1999.
Analisar economicamente uma empresa consiste em qualificar o lucro. Mais precisamente qualificar o lucro operacional.
Qualificar o lucro operacional significa concluir de maneira objetiva se o lucro operacional é bom, regular ou ruim.
Para obter-se êxito na análise econômica da empresa, o balanço patrimonial e a demonstração de resultado deverão ser apresentados da seguinte maneira
BALANÇO
PATRIMONIAL EM 31/12/98 - Detalhado
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ATIVO
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PASSIVO
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Circulante
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$46.000
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Circulante
|
$31.780
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Caixa
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$1.000
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Fornecedores
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$15.000
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Clientes
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$30.000
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Impostos a Pagar
|
$3.000
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|
Estoques
|
$15.000
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|
IR a Pagar
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$2.034
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|
Dividendos a Pagar
|
$4.746
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|||||||||||||||
|
Empréstimos Conjunturais
|
$3.000
|
|||||||||||||||
|
Empréstimos Estruturais
|
$4.000
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Imobilizado Líquido
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$60.000
|
Exigível de Longo Prazo
|
$6.000
|
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|
Valor Bruto
|
$70.000
|
|
Empréstimos Estruturais
|
$6.000
|
||||||||||||
|
Depreciação Acumulada
|
($10.000)
|
|||||||||||||||
Patrimônio
Líquido
|
$68.220
|
||||||||||||||||
|
Capital
|
$48.220
|
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|
Reservas
|
$20.000
|
|||||||||||||||
TOTAL DO ATIVO
|
$106.000
|
TOTAL DO PASSIVO
|
$106.000
|
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO REFERENTE AO MÊS DE JANEIRO DE 1999
Vendas Brutas
|
$30.000
|
(-) Impostos
|
($3.000)
|
(=) Vendas Líquidas
|
$27.000
|
(-) CMV
|
($15.000)
|
(=) Lucro Bruto
|
$12.000
|
(-) Despesas Operacionais
|
($5.000)
|
(=) Lucro da Atividade
|
$7.000
|
(+) Receita Financeira
|
$10
|
(-) Juros empréstimos conjunturais
|
($150)
|
(=) Lucro Operacional antes do IR
|
$6.860
|
(-) Imposto de Renda sobre o Lucro
Operacional
|
($2.058)
|
(=) Lucro Operacional após o Imposto
de Renda
|
$4.802
|
(-) Juros empréstimos estruturais/CCT
|
($200)
|
(+) Economia de IR sobre os Juros
|
$60
|
(=) Juros Líquidos
|
($140)
|
(=) Lucro Líquido
|
$4.662
|
(-) Custo do Capital Próprio
|
($2.047)
|
(=) EVA
|
$2.615
|
PREPARAR O BALANÇO PATRIMONIAL PARA ANÁLISE
PRIMEIRO PASSO
O balanço patrimonial de 31/12/98 é o da operação, ou seja, do lado esquerdo apenas encontraremos os ativos operacionais que somam $106.000. São os investimentos circulantes de $46.000 e fixos de $60.000 que foram necessários para a geração da receita operacional bruta de $30.000 em janeiro de 99.
Em suma: temos o balanço patrimonial apenas da operação.
Importante! Os empréstimos de curto prazo foram separados em:
♦ Conjunturais ($3.000): contratados em razão da falta de caixa para pagar obrigações. Geralmente um dinheiro de curto prazo, a taxas de juros elevadas. Este tipo de dívida costuma ser paga logo que exista excedente de caixa para tal fim.
♦ Estruturais ($4.000): contratados para suportar decisões de investimento (BNDES, por exemplo). Geralmente um dinheiro de longo prazo, a taxa de juros moderadas. É um empréstimo originário de uma decisão de estrutura de capital.
Os empréstimos de longo prazo de $6.000 são todos estruturais.
A alíquota do IR combinada com a da CSLL é de 30%.
O juro nominal dos empréstimos conjunturais é de 5% ao mês, ou 3,5% líquido. Basta dividir $150 por $3.000 que chegaremos a 5%.
O juro nominal dos empréstimos estruturais é de 2% ao mês, ou 1,4% líquido. Basta dividir $200 por $10.000 que chegaremos a 2%.
SEGUNDO PASSO
O balanço
patrimonial em 31/12/98 deverá ser compactado da seguinte maneira:
BALANÇO PATRIMONIAL
EM 31/12/98 - Compactado
ATIVO
|
PASSIVO
|
||
Ativo Operacional
|
$106 .000
|
Passivo Operacional
|
$27.780
|
Capital de Terceiros
|
$10.000
|
||
Capital Próprio
|
$68.220
|
||
TOTAL DO ATIVO
|
$106.000
|
TOTAL DO PASSIVO
|
$106.000
|
♦ O passivo operacional de
$27.780 contempla todos os financiamentos espontâneos, provenientes da própria
dinâmica empresarial, incluindo os empréstimos estruturais. Vamos dizer que o
passivo operacional agrupe os financiamentos originários espontaneamente do
negócio.
♦ O capital de terceiros de $10.000 contempla os empréstimos estruturais
de curto prazo de $4.000 mais o de longo prazo de $6.000.
♦ O capital próprio de $68.220 engloba os recursos integralizados pelos
acionistas mais os lucros reinvestidos.
O último estágio de
compactação do balanço patrimonial é o seguinte:
BALANÇO PATRIMONIAL EM 31/12/98 – Compactação final
ATIVO
|
PASSIVO
|
||
Ativo Operacional Líquido (AOL)
|
$78.220
|
Capital de Terceiros (CT)
|
$10.000
|
Capital Próprio (CP)
|
$68.220
|
||
TOTAL DO ATIVO
|
$78.220
|
TOTAL DO PASSIVO
|
$78.220
|
♦ O ativo operacional líquido de
$78.220 é a diferença entre o ativo operacional de $106.000 menos o passivo
operacional de $27.780. O ativo operacional líquido (AOL) é a parcela do ativo
operacional cujos financiamentos foram “buscados” fora da operação (capital de
terceiros mais capital próprio).
♦ O custo do capital de terceiros é de 1,4% ao mês, conforme citado. Em
dinheiro corresponde a $140 (0,014 x $10.000). No resultado aparece como juros
estruturais.
♦ O custo do capital próprio é de 3% ao mês. Em dinheiro corresponde a
$2.047 (0,03 x $68.220).
♦ Portanto a estrutura de capital
custa $2.187 ($140 + $2.047).
♦ Consequentemente, o lucro operacional para janeiro de 99 deverá ser de,
no mínimo, $2.187.
PREPARANDO A DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO
PARA ANÁLISE
A
demonstração de resultado apresentada na página 4 segue um formato bastante
particular em relação ao formato usual que encontramos diariamente nos jornais
e revistas, e até mesmo em relação ao formato utilizado pelas empresas em suas
análises internas.
♦ A receita financeira de $10 é considerada parte integrante do lucro
operacional. O investimento em caixa/bancos/disponibilidades é um ativo
operacional. Portanto, a receita financeira proveniente de seu bom
gerenciamento também só poderá ser tratada como operacional. É uma espécie de
redutor das despesas operacionais, ou redutor dos juros dos empréstimos
conjunturais. A receita financeira somente será tratada como não operacional
quando proveniente de notórios excedentes de caixa. Um notório excedente é
representado por recursos aplicados no mercado financeiro, mas que poderiam ser
distribuídos na forma de dividendos, sem comprometer o caixa da operação.
♦ Os juros brutos de $150 dos empréstimos conjunturais também são
tratados dentro do lucro operacional, já que o empréstimos conjunturais de
$3.000 estão dentro do passivo operacional.
♦O lucro operacional está evidenciado antes do imposto de renda ($6.860) e depois do imposto de renda ($4.882). O que importa é o lucro operacional depois do imposto de renda e da CSLL. Detalhe: os resultados apresentados na mídia impressa nos induzem a pensar em lucro operacional antes dos impostos, pela maneira como estes estão apresentados.
♦ Os juros líquidos de $140 dos empréstimos estruturais estão fora do lucro operacional. No formato de apresentação que estamos recomendando estes juros já estão apresentados deduzidos na economia fiscal. Os $140 representam a diferença entre os $200 menos a economia fiscal de $60.
♦ O custo do capital próprio de $2.047 está apresentado após o lucro líquido de $4.662. Nas demonstrações de resultado costumeiramente apresentadas, somente observamos os juros do capital de terceiros. No formato por nós sugerido, apresentamos as duas pernas: os juros do capital de terceiros e o custo do capital próprio (o que não deixa de ser uma espécie de juros do capital próprio cobrado pelos acionistas – não confundir com o cálculo dos juros sobre capital atualmente existente).
♦ Como estamos analisando “a operação”, observamos que o balanço patrimonial apresentado não contempla ativos operacionais. Consequentemente, a demonstração de resultado também não contempla receitas e despesas não operacionais.
♦ A demonstração de resultado mostra um EVA de $2.615. O EVA – Economic Value Added ou valor econômico adicionado/criado/agregado tem como principal interpretação o significado de um retorno extra. Retorno extra significa lucro acima das expectativas. Vamos nos recordar da máxima: somente ficamos mais ricos quando detemos ativos que valem mais do que o capital investido. Para que um ativo valha mais do que o capital investido ele deverá apresentar retornos acima das expectativas. Portanto, ter EVAs sistematicamente é essencial.
♦ Os juros líquidos de $140 dos empréstimos estruturais estão fora do lucro operacional. No formato de apresentação que estamos recomendando estes juros já estão apresentados deduzidos na economia fiscal. Os $140 representam a diferença entre os $200 menos a economia fiscal de $60.
♦ O custo do capital próprio de $2.047 está apresentado após o lucro líquido de $4.662. Nas demonstrações de resultado costumeiramente apresentadas, somente observamos os juros do capital de terceiros. No formato por nós sugerido, apresentamos as duas pernas: os juros do capital de terceiros e o custo do capital próprio (o que não deixa de ser uma espécie de juros do capital próprio cobrado pelos acionistas – não confundir com o cálculo dos juros sobre capital atualmente existente).
♦ Como estamos analisando “a operação”, observamos que o balanço patrimonial apresentado não contempla ativos operacionais. Consequentemente, a demonstração de resultado também não contempla receitas e despesas não operacionais.
♦ A demonstração de resultado mostra um EVA de $2.615. O EVA – Economic Value Added ou valor econômico adicionado/criado/agregado tem como principal interpretação o significado de um retorno extra. Retorno extra significa lucro acima das expectativas. Vamos nos recordar da máxima: somente ficamos mais ricos quando detemos ativos que valem mais do que o capital investido. Para que um ativo valha mais do que o capital investido ele deverá apresentar retornos acima das expectativas. Portanto, ter EVAs sistematicamente é essencial.
A PRESENTAÇÃO DOS DEMONSTRATIVOS
Lembremo-nos
de que analisar economicamente uma empresa é qualificar o lucro, e que
este lucro é o operacional.
Portanto,
vamos fixar nossa atenção no lucro operacional de $4.802, já depois do IR e da
CSLL (que é o que importa).
Se
“olharmos para cima”, vamos encontrar na extremidade superior as vendas brutas
de $30.000. O que separa as vendas brutas do lucro operacional são os chamados
gastos com a operação.
Se
“olharmos para baixo”, vamos encontrar na extremidade inferior o EVA. O que
separa o lucro operacional de $4.802 do EVA de $2.615 são os chamados gastos
com a estrutura de capital. É o custo do capital de terceiros de $140 mais o custo
do capital próprio de $2.047 ($4.802 - $2.615 = $2.187 = $140 + $2.047).
Portanto,
para qualificar o lucro operacional e conhecer com precisão o desempenho
econômico de uma empresa num certo período de tempo, não devemos olhar para
cima e sim olhar para baixo.
Não importa se o lucro operacional
representou 10% ou 12% das vendas líquidas. O que importa é se o lucro operacional cobriu cobriu os
gastos com a estrutura de capital
Lucro operacional bom é aquele que supera os gastos com a estrutura de capital.
Lucro
operacional regular é aquele que se equipara aos
gastos com a estrutura de
capital.
Lucro
operacional ruim é aquele que fica abaixo dos
gastos com a estrutura de capital.
Em nosso
exemplo o Lucro Oparacional de R$ 4.802 é bom, pois ele cobre os gastos com a estrutura de
capital de R$ 2.047 e deixa um excedente de retorno de R$ 2.615, que é o EVA.
REFORÇANDO A ANÁLISE ECONÔMICA
Em
termos de valor, a estrutura de capital custa $2.187 ($140 pelo capital de
terceiros e $2.047 pelo capital próprio).
Em
termos percentuais ela custa 2,796% ($2.187 / $78.220). O valor de $78.220 é o
somatório do capital de terceiros de $10.000 mais o capital próprio de $68.220
(e evidentemente é o mesmo valor do ativo operacional líquido)
Portanto,
o lucro operacional de equilíbrio deveria ser de $2.187, valor suficiente para
cobrir os gastos com a estrutura de capital de $2.187.
O
lucro operacional de $4.802 é superior ao de equilíbrio, e representa um
retorno sobre o ativo operacional líquido de 6,139% ($4.802 / $78.220).
Este
retorno de 6,139% representa um excedente de 3,343% em relação ao mínimo
exigido de 2,79% (6,139% - 2,79%).
Este
excedente de retorno de 3,343% aplicado sobre o ativo operacional líquido de
$78.220 fecha com o EVA de $2.615 (0,03343 x $78.220 = $2.615).
Confirma-se
que a situação econômica é boa. Sobre o investimento de $78.220 conseguiu-se um
retorno de 6,14% para um custo de capital de 2,79%. “Aplicou-se a uma taxa
superior àquela que captou-se”.
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