quarta-feira, 27 de agosto de 2014

COMO ORGANIZAR O BALANÇO PARA UMA ANÁLISE ECONÔMICA





COMO ORGANIZAR O BALANÇO PARA UMA ANÁLISE ECONÔMICA







Apresentamos a seguir um Balanço Patrimonial encerrado em 30 de abril que servirá como base para elaboração de uma análise econômica no mês de maio.
Esta análise resultará na determinação de indicadores de retorno do investimento e custo do capital, EVA, entre outras medidas de desempenho.
Mostraremos como organizar ou estruturar o balanço patrimonial para este tipo de análise:
BALANÇOS PATRIMONIAIS

O “Ativo” representa o conjunto de investimentos, numa determinada data, que a empresa necessita para cumprir seus objetivos.
O “Passivo” representa o conjunto de capitais empregados, numa determinada data, para que a empresa possa suportar os investimentos realizados.
A melhor definição do que é um balanço é a seguinte: o balanço patrimonial é um relatório que apresenta, numa determinada data, a posição dos investimentos e dos capitais empregados.
O equilíbrio permanente entre Ativo (Investimentos) e Passivo (Capitais Empregados) é fácil de ser compreendido: se a empresa em 30 de abril necessita de $78.000 de investimentos, ela também necessita de $78.000 de capitais para suportar estes investimentos.
O lado esquerdo do balanço contempla investimentos de natureza diferente, como Clientes e Edificações. Porém, tudo é investimento. Em nosso exemplo, o total de investimentos é de $78.000.
O lado direito, por sua vez, contempla os capitais empregados e deverá ser dividido de duas maneiras.
  1. Capitais que se originam de dentro da operação, chamados de: Passivo Operacional, Passivo Espontâneo ou Passivo de Funcionamento.
São os capitais fornecidos pela própria dinâmica operacional. Os exemplos mais comuns são: Fornecedores que nos vendem a prazo, Salários e Encargos a Pagar recolhidos entre o final e início do mês seguinte, Impostos a Pagar recolhidos no início do mês seguinte, etc.
Em nosso exemplo, o total dos capitais que vem de dentro da operação é de $11.000 (Fornecedores/$7.000 + Impostos a Pagar/$2.000 + IR/CSLL a Pagar/$1.400 + Dividendos a Pagar/$600).
O custo destes capitais que vem de dentro da operação, cujo exemplo mais facilmente observado é a conta de Fornecedores, está considera dentro da formação do lucro operacional.
  1. Capitais que se originam de fora da operação: capital de bancos e operações assemelhadas e capitais do acionista.
Capital de bancos e operações assemelhadas: representam todos os financiamentos associados aos investimentos de longo prazo. São os financiamentos contratados junto ao BNDES e outros bancos ou instituições de fomento ao desenvolvimento, emissão de papéis no Brasil ou no exterior, refinanciamento de tributos e impostos, etc.
Em nosso exemplo a capital de fora da operação contratado junto a bancos é representado pelos Empréstimos de curto e longo prazo que somam o montante de $30.000.
Nota: podem ser tratadas dentro do passivo operacional as operações juntos aos bancos vinculadas à administração da gestão de liquidez no curto prazo, e não aos investimentos de longo prazo, como os recursos de uma Conta Garantida.
Capitais do acionista: é o Patrimônio Líquido. É o capital financiado por acionistas através de integralizações mais a reinversão de lucros.
A expressão Capital Próprio (sinônima de Capital do Acionista) não é adequada. Dá a entender que é o capital pertence à própria empresa. A empresa não é dona deste capital, e sim seus acionistas.
Em nosso exemplo, o capital do acionista é de $37.000.
Em resumo, os capitais de forma da operação montam a $67.000 ($30.000 de capitais de bancos e $37.000 de capitais do acionista).
O custo destes capitais que vem de fora da operação (bancos e acionistas) é considerado após o lucro operacional.
Neste exemplo, o investimento total de $78.000 é financiado por $11.000 de capitais que vem de dentro da operação.
Portanto, o investimento líquido é de $67.000 ($78.000 - $11.000).
Este investimento líquido de $67.000 sempre coincidirá com o montante dos capitais provenientes de fora da operação.
Portanto, o balanço patrimonial compactado do nosso exemplo é o seguinte:
BALANÇOS PATRIMONIAIS

Atualmente, na análise moderna balanços o que se deseja analisar é o retorno sobre os investimentos líquido.
Também na análise moderna de balanços o que se deseja estudar é o retorno sobre os capitais empregados que vem de fora da operação.É igualmente neste formato que se identifica a estrutura de capital vigente ou ideal para a empresa.
Resumindo, analisar o retorno do investimento líquido ou retorno do capital empregado é tudo a mesma coisa.
Boa Sorte.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

ANÁLISE DE SENSIBILIDADE FINANCEIRA PARTE 2




ANÁLISE DE SENSIBILIDADE FINANCEIRA PARTE 2







Descrição

Ao avaliar um investimento, é importante saber qual é a sua sensibilidade a variações de dados que não conhecemos ou que não podemos estimar adequadamente. No estudo de um projeto de investimento, mesmo pequenas variações dos dados previstos podem provocar grandes mudanças no VPL.
Esta planilha especial apresenta um projeto de investimento com tal problema. Temos o fluxo de caixa projetado e estamos seguros quanto à maioria dos valores envolvidos nele. Entretanto, não temos certeza de dois valores necessários para formação do fluxo de caixa.
Utilizando o recurso Tabela do Excel, é possível obter, de forma rápida, as estimativas do VPL do projeto para diferentes valores desta variável. 



Importante: Os dados das 3 células pintadas de azul, da coluna 1, foram fixados e as células ao lado os usam como referências.

Informações

Na tabela acima, uma empresa está analisando um novo investimento. Foi estimado o fluxo de caixa em planilha Excel do projeto para 3 anos. A tabela possui os seguintes campos: 

Datas 
  • Ano 0 
  • Ano 1 
  • Ano 2 
  • Ano 3 
Dados 
  • Preço de venda unitário (para os 3 anos) 
  • Volume 
  • Geração de caixa sobre a receita total 
  • Investimento inicial: 
  • Custo do capital ao ano: 
  • Projeção do fluxo de caixa 
Problema

O problema está simplificado. Todavia, é suficiente para mostrar com clareza como utilizar o recurso do Excel chamado Tabela na análise de sensibilidade de um novo investimento.
A linha 13 é a mais importante: “Projeção de fluxo de caixa”
Na linha , a data 0 (zero) apresenta um investimento inicial de R$ 1.000,00.
Na data 1, 2 e 3 da linha 11 o valor é representado pela seguinte fórmula:
=Preço de venda unitário × Volume × Geração de caixa sobre a receita total

A empresa tem bastante segurança na estimativa das variáveis percentual da Geração de caixa sobre a receita total, Investimento inicial e Custo do capital.

Todavia, a empresa não tem segurança na estimativa de duas variáveis: Preço de venda unitário e Volume.

De acordo com análises retrospectivas e prospectivas, a variável Preço de venda unitário poderá assumir os seguintes valores: R$8,00, R$9,00, R$10,00 e R$11,00 para os três anos. A variável Volume poderá assumir os seguintes números: 80, 90, 100 e 110 para os três anos..

A empresa deseja saber qual é o VPL (Valor Presente Líquido) deste novo investimento nas seguintes condições: 
  • Serão 16 cenários (4 x 4). Portanto, queremos observar 16 VPLs;
  • A variável percentual de Geração de caixa sobre a receita total permanecerá constante em todos os 16 cenários. Assim como a variável Investimento inicial e Custo do capital; 
  • O Preço de venda unitário irá variar de R$8,00 à R$11,00 para os três anos; 
  • O Volume variará de 80 à 110 unidades nos três anos. 




Veja a tabela que foi criada abaixo da planilha excel já apresentada

Solução 

A tabela tem cinco linhas (17 à 21). Importante: Sempre que você for utilizar o recurso do Excel Tabela, fazendo simulações com duas variáveis, faça um layout muito assemelhado a este. 

A primeira linha é a 17. Na célula B16 temos a fórmula de cálculo do VPL com as atuais premissas constantes na planilha. O VPL de R$ 369,94 é apresentado. Os parâmetros da fórmula são: 
  • O custo de capital de 15% ao ano; 
  • Seleção das células D12 à F12; 
  • Somatório por fora da fórmula do investimento inicial de $1.000. 

Veja a fórmula abaixo: 
=VPL(C11; D12: F12) +C12 

Observe o seguinte: 
  • No intervalo C16:F16 temos a variável Preço de venda unitário variando de R$ 8,00 à R$ 11,00. Esta variável está no sentido horizontal. 
  • No intervalo B17:B20 temos a variável Volume variando de 80 à 110. Esta variável está no sentido vertical. 
  • Na área de trabalho C17:E20 temos o valor zero. É nesta área que aparecerão os 16 VPLs desejados. 
  • BAIXE A PLANILHA PARA PRATICAR: Baixar planilha
Boa Sorte


sexta-feira, 15 de agosto de 2014

ANÁLISE DE SENSIBILIDADE FINANCEIRA PARTE 1








ANÁLISE DE SENSIBILIDADE FINANCEIRA
PARTE 1




Ao avaliar um investimento, é importante saber qual é a sua sensibilidade a variações de dados que não conhecemos ou que não podemos estimar adequadamente. No estudo de um projeto de investimento, mesmo pequenas variações dos dados previstos podem provocar grandes mudanças no VPL.
Esta planilha especial apresenta um projeto de investimento com tal problema. Temos o fluxo de caixa projetado e estamos seguros quanto à maioria dos valores envolvidos nele. Entretanto, não temos certeza de um dos valores necessários para formação do fluxo de caixa.
Utilizando o recurso Tabela do Excel, é possível obter, de forma rápida, as estimativas do VPL do projeto para diferentes valores desta variável. Baixe a planilha para saber como fazê-lo!

Fluxo de caixa projetado




Ano
0
1
2
3
Preço de venda unitário

R$           10,00
R$           10,00
R$           10,00
Volume (aumento de 10% ao ano)

R$        100,00
R$         110,00
R$         121,00
Geração de caixa sobre a receita total

60%
60%
60%
Investimento inicial
R$  (1.000,00)



Custo de capital ao ano
15%



Projeção do fluxo de caixa
R$  (1.000,00)
R$        600,00
R$        660,00
R$        726,00







Tabela de hipóteses: geração de caixa sobre a receita total



VPL a 60%
54%
56%
58%
60%
62%
64%
 R$          498,15








Informações 
  • Os dados calculados nos anos 2 e 3 da projeção são baseados nos valores fixados no primeiro ano; 
  • Cada fluxo de caixa é estimado como o produto entre o preço de venda unitário, o volume de vendas e a geração de caixa sobre a receita total no ano; 
  • Na análise do investimento acima, a empresa tem bastante segurança na estimativa do volume e do preço de venda unitário; 
  • A empresa não está segura quanto à estimativa da geração de caixa sobre a receita total. De acordo com análises prévias, sabe-se que este valor pode variar entre 54% e 64%. 

O que fazer?
  • A empresa deseja estimar o VPL deste novo investimento em seis cenários onde a estimativa da geração de caixa varia de 54% a 64%. O preço de venda unitário e o volume de vendas permanecerão constantes em todos os cenários.
Problema

  • Como verificar, de forma fácil e rápida, a mudança no VPL conforme a estimativa para a geração de caixa varia? Saiba como fazer, clicando no link: Baixar planilha

sábado, 2 de agosto de 2014

O FLUXO DE CAIXA E SEUS SEGREDOS













Ao analisarmos demonstrações financeiras é fundamental estarmos atentos para os dados disponibilizados em Balanços e Fluxos de Caixa, em função de aparentes contradições percebidas nas variações das contas do ativo e passivo, em especial nas Origens e Aplicações de Recursos, Lucros e patrimônio Líquido quando confrontados com o respectivo Fluxo de Caixa da Empresa.
Para uma melhor compreensão do assunto, apresentamos a seguir dois balanços patrimoniais encerrados em 31 de dezembro de 2004 e 31 de dezembro de 2005:
Balanços 2004/2005









A coluna denominada de “Variação” apresenta o saldo de balanço de 31-12-2005 menos o saldo de balanço de 31-12-2004.
Como a conta Capital & Reservas não se alterou, significa que não ocorreu qualquer capitalização de lucros ou integralização de capital. Portanto, a variação de $4.935 na conta de Lucros Acumulados significa que o lucro retido registrado no ano de 2005 foi de $4.935.
A conta Caixa representa as disponibilidades imediatas mais as aplicações financeiras de curto prazo.
Fluxo significa movimento. Portanto, o fluxo de caixa de 2005 apresenta um superávit de $400, explicando o porquê o caixa saiu de $1.000 para $1.400.
A “grande“ pergunta que iremos fazer é a seguinte: Por que no ano de 2005 a empresa gerou um lucro de $4.935 e, concomitantemente gerou um caixa expressivamente menor, no valor de $400.
Um pouco de raciocínio matemático elementar sinaliza que a explicação está na variação do saldo das demais contas (menos caixa, depreciação acumulada e lucros acumulados).
Para entender a implicação das variações de saldo no fluxo de caixa vamos fazer zerartodas as variações de saldo de balanço (menos caixa, depreciação acumulada e lucros acumulados).
“Zerando” todas as variações de saldo, o Caixa salta de $1.000 para $6.535, mostrando uma variação de $5.535.
Comentário: Em 2005, a variação do caixa (ou fluxo de caixa) de $5.535 em comparação com o lucro de $4.935 é de $600, igual à variação do saldo da conta depreciação acumulada de $600, ou seja, se todos os eventos fossem à vista, a empresa não investisse em estoques, não investisse em ativos, não amortizasse empréstimos, a geração de caixa seria igual ao lucro mais a depreciação.
Para explicar a variação (fluxo de caixa) de $5.535, é conveniente que o leitor observe o primeiro quadro com os dois balanços.








A diferença entre o lucro $4.935 e o fluxo de caixa de $5.535 está nos $600 de depreciação no ano de 2005, que é custo, mas não transita pelo fluxo de caixa.