segunda-feira, 15 de agosto de 2016

PROJETOS DE INVESTIMENTO - Análise de Retorno 2

         



PROJETOS DE INVESTIMENTO - Análise de Retorno 2




Nesse artigo, daremos prosseguimento a abordagem utilizada em PROJETOS DE INVESTIMENTO I, acrescentando as implicações da Inflação, Depreciação e Imposto de Renda na montagem de Fluxos de Caixa, além de introduzirmos o conceito de perpetuidade, uma das maneiras de tratar o valor residual

Inflação

Construir um fluxo de caixa em moeda constante significa definir todos os valores de entrada e de saída de dinheiro a preços de uma mesma data base e costuma ser conhecida como o momento zero, coincidente com o período em que as decisões são tomadas, ou seja, os valores deverão estar “limpos” do impacto inflacionário, permitindo a comparação entre si.
Vamos determinar a TIR e o VPL com base no fluxo de caixa em moeda constante e em bases anuais, apresentado a seguir:
A taxa de desconto real do fluxo é de 5% ao ano.
TIR = 13,07%
VPL = $116
Vamos calcular a TIR e o VPL assumindo que no período 1 e 2 ocorreu uma inflação de 10% a.a. Vamos construir o fluxo de caixa em moeda corrente. Eis as mudanças provocadas nos números do problema:
  • Investimento = $1.000 (não se altera)
  • Fluxo de caixa no período 1 = $660 ($600x1,10)
  • Fluxo de caixa no período 2 = $726 ($600x1,10x1,10)
  • Taxa de desconto nominal = 15,5% (1,05x1,10-1,00)
  • TIR = 24,37% (descontando pela inflação de 10% a TIR é de 13,07% (1,2437/1,10)) VPL = $116
Para concluir o assunto, vamos calcular a TIR e o VPL assumindo que no período 1 e 2 ocorreu uma inflação de 20% a.a. Vamos construir o fluxo de caixa em moeda corrente. Eis as mudanças provocadas nos números do problema:
  • Investimento = $1.000 (não se altera)
  • Fluxo de caixa no período 1 = $720 ($600x1,20)
  • Fluxo de caixa no período 2 = $864 ($600x1,20x1,20)
  • Taxa de desconto nominal = 26% (1,05x1,20-1,00)
  • TIR = 35,68% (descontando pela inflação de 10% duas vezes a TIR é de 13,07% (1,3568/1,20)) VPL = $116
Fluxos de caixa em moeda corrente quando bem trabalhados e em harmonia com a taxa nominal de desconto não afetam o cálculo do VPL mas alteram o cálculo da TIR, obrigando-nos a ajustá-la para que seja descontaminada do imposto inflacionário. É mais um exemplo que prova a supremacia do VPL sobre a TIR como método para avaliação de projetos de investimento.

Depreciação

A depreciação é uma despesa “de verdade”, todavia sem impacto no caixa da empresa. A depreciação é o custo do investimento alocado durante a vida útil estimada para o empreendimento.
As despesas de depreciação são dedutíveis para fins de imposto de renda. Logo, é interessante para a empresa depreciar ao máximo os seus investimentos. As despesas de depreciação, contudo, são limitadas pela legislação específica. Caberá ao analista do projeto verificar quais itens do investimento podem ser depreciados e em que intensidade.
A depreciação entra no fluxo de caixa de um projeto em dois momentos: primeiro, somada aos custos fixos, para que o projeto sofra os efeitos fiscais da dedução das despesas de depreciação do imposto de renda e da contribuição social. Depois, a depreciação e somada ao lucro líquido do projeto, para que seja apurado o caixa gerado (uma vez que, como já foi dito, a depreciação não sai do caixa da empresa).
Há vários métodos contábeis para se apurar a depreciação. Para efeito de análise de projetos, normalmente utiliza-se o método da depreciação linear simples. Este método consiste simplesmente em se dividir o valor do investimento a ser depreciado em parcelas anuais iguais, e o número destas parcelas dependerá da taxa de depreciação que será utilizada.
Exemplo:
Lembremos que alguns projetos podem ser beneficiados por métodos de depreciação acelerada. Neste caso, o montante dos investimentos a ser depreciado é dividido em um número menor de parcelas e o investimento é totalmente depreciado em um prazo de tempo menor. A depreciação acelerada impacta o fluxo de caixa de um projeto positivamente, aumentando o seu valor presente.
Paga-se menos imposto de renda nos primeiros anos e mais imposto de renda nos anos subsequentes. Consequentemente gera-se mais caixa nos primeiros anos e menos caixa nos últimos.
Como o dinheiro tem valor no tempo, este fluxo de caixa do pagamento do imposto de renda quando a depreciação é acelerada é melhor do que o fluxo de imposto de renda quando a depreciação é linear.

Imposto de Renda

Na montagem de um fluxo de caixa, é importante não esquecermos do impacto do imposto de renda. Isto significa que todos os elementos do fluxo de caixa devem estar ajustados pela alíquota de IR, tanto no caso de um benefício fiscal como no caso de um pagamento efetivo de imposto.
Não nos esqueçamos de que se o gasto com salários for reduzido de $100.000 para $90.000 ao mês, e a alíquota de IR for de 30%, a economia de caixa não será de $10.000 e sim de $7.000 ($10.000 x (1-0,30)).
Também não nos esqueçamos que se for gasto em propaganda $20.000, o desembolso efetivo não será de $20.000, e sim de $14.000 ($20.000 x (1-0,30)).
O impacto fiscal deverá estar vinculado a:
  • Qualquer tipo de compensação de prejuízos acumulados
  • Qualquer situação de prejuízo que estiver sendo vivida pela empresa, presumivelmente temporária.

Valor residual

O valor residual corresponde ao valor do projeto no último ano do período de análise.Os métodos mais comuns para se estimar o valor residual de um projeto são o valor de venda dos ativos e o método da perpetuidade.
O método do valor de venda dos ativos consiste em uma estimativa do valor pelo qual os ativos do projeto poderiam ser vendidos ao final do período de análise. Este valor geralmente difere do valor contábil dos ativos.
Costumeiramente o horizonte de análise do fluxo de caixa de um projeto coincide com a vida útil estimada para os ativos operacionais. Ao término desta vida útil estima-se o valor de mercado pela venda dos ativos operacionais.Este procedimento é aceitável quando estamos analisando efetivamente um projeto com vida útil finita.
A maior parte dos projetos têm, a priori, uma vida útil indeterminada. Neste caso, o valor residual poderá ser determinado pelo valor da perpetuidade do fluxo de caixa. Há dois tipos de perpetuidade: perpetuidade constante e perpetuidade com crescimento.
O método da perpetuidade, por sua vez, considera que o fluxo de caixa do período analisado estende-se infinitamente. O valor residual neste caso seria o valor presente deste fluxo de caixa perpétuo, calculado para o último ano do período de análise. Este método considera a capacidade de geração de caixa dos ativos, sendo este o critério adotado por muitas empresas para estimar o seu valor.

Perpetuidade Constante

A fórmula de cálculo da perpetuidade constante é a seguinte:
Valor da Perpetuidade (VP) = Perpetuidade/CCP, onde CCP = Custo de Capital Próprio
O termo perpetuidade se refere ao fluxo de caixa para o acionista, ou seja, contempla a geração de caixa operacional menos o custo do financiamento de terceiros do investimento. Por esta razão, estamos descontando a perpetuidade pelo CCP.
O entendimento da lógica desta fórmula poderá ser dado através do seguinte exemplo:
  • Fluxo de caixa anual de um acionista de adquirir uma empresa em regime de perpetuidade = $1.000 (quanto ele vai colocar no bolso todo ano pelo resto da vida)
  • CCP = 10% ano. Portanto, o valor da perpetuidade é de: VP = $1.000/0,10 = $10.000
O fluxo de caixa desta perpetuidade é dado pela seguinte expressão:
Este período N poderá representar o ano 3, 4, 5, 10, 15, 50 ou qualquer um.Neste ano N, o acionista terá direito ao dividendo de $1.000, mais o valor da perpetuidade de $10.000 ($1.000/0,10), que se refere ao período N+1 em diante. Atenção! O valor da perpetuidade de $ 10.000 é no momento zero, pois ele começa a acontecer no momento 1 em diante. Uma perpetuidade de $1.000 no momento 1 em diante, vale $ 10.000 no momento zero. Uma perpetuidade do momento 2 em diante vale menos.
Neste caso, a perpetuidade vale $10.000 no momento 1. Para trazer o valor para o momento zero, divide-se $10.000 por 1,10 uma vez, chegando-se ao valor de $ 9.090,91.
O valor da perpetuidade diminui quanto mais distante do momento zero ela ocorre, entretanto, o conceito mais importante que está por trás da perpetuidade constante é o seguinte: No contexto da perpetuidade constante, os projetos não criam valor para o acionista, pois os lucros retidos são reaplicados à mesma taxa de desconto do fluxo de caixa.
Exemplo:
Este é o fluxo de caixa representativo de uma perpetuidade de $1.000 descontada pelo CCP de 10% ao ano. Vamos assumir que no ano 1 somente será distribuído um dividendo de $500, sendo os outros $500 aplicados à taxa de 10% ao ano, a mesma taxa de desconto do fluxo de caixa.
Como ficaria o fluxo de caixa?
∗ $1.050 = $ 1.000 + (0,10 x $500 / reflexo do dividendo retido no ano 1)
∗ $10.500 = $1.050 / 0,10 (valor da perpetuidade do ano N+1 em diante)
Portanto, num contexto de perpetuidade constante os projetos não criam valor para o acionista, pois os lucros retidos são reaplicados à mesma taxa de desconto do fluxo de caixa. A rigor, a política de dividendos é irrelevante. Ambos os fluxos de caixa apresentados valem a mesma coisa.
Importante: Na montagem de um fluxo de caixa, usualmente o valor presente é determinado no momento zero. É convencional assumir a entrada/saída de caixa no momento 1 ocorrendo no último dia do ano 1. A entrada/saída de caixa no momento 2 ocorrendo no último dia do ano 2.
De modo a consolidarmos os conceitos e procedimentos apresentados, vamos ao exemplo abaixo, que irá abranger todos os assuntos até aqui tratados.
Certo empresário planeja implantar uma nova linha de produção em sua indústria, e pretende saber se é viável. Os dados disponíveis são:
Gastos de instalação de uma nova linha:
  • Investimento total: $600.000 ($550.000 de capital fixo e $50.000 de capital circulante) Vida útil econômica para o projeto: 10 anos (compatível com a vida útil do imobilizado) Vendas anuais estimadas: 5.000 unidades;
  • Preço de venda unitário: $100;
  • Custos operacionais anuais: $350.000 (sem depreciação) Alíquota de depreciação: 10% a.a.;
  • Valor residual estimado para o ano 10: $50.000 (liberação do capital de giro; valor residual das imobilizações igual a zero);
  • Alíquota do IR: 35%;
  • Taxa de desconto (CMPC): 10% a.a. após o IR;
  • Dados de investimentos, receitas, custos e despesas serão sempre tratados em nível de caixa (em todos os problemas);
Questão 1: Verificar se há atratividade para o projeto a uma taxa de desconto de 10% a.a. pelo método da TIR e VPL. Considere o fluxo de caixa projetado para a operação para fazer esta análise.
Questão 2: Assuma que esta taxa de 10% a.a. representa que 50% do investimento foi feito com capital de terceiros custando 8% a.a. líquido do impacto tributário, e 50% com capital próprio custando 12% a.a. Ambos os custos já estão ajustados ao IR. Comente o problema à luz da TIR e do VPL do acionista.
Solução
  • Faturamento/ano: $100x5.000 = $500.000/ano;
  • Custos anuais: $350.000;
  • Benefícios anuais (antes do IR): $500.000-$350.000 = $150.000;
  • Depreciação: 0,10x$550.000 = $55.000;
  • Lucro tributável: $150.000-$55.000 = $95.000;
  • Imposto de renda: 0,35x$95.000 = $33.250;
  • Lucro após o IR = $95.000-$33.250 = $61.750;
  • Fluxo de caixa após o IR = $150.000-$33.250 = $116.750 ou $61.750+$55.000 = $116.750;
Dispondo os dados na tabela a seguir temos:
  • FC = Fluxo de caixa;
  • Lucro tributável = FC antes do IR - Depreciação;
  • IR = Lucro tributável x 0,35 (alíquota dada);
  • FC após o IR = FC antes do IR - IR;
Questão 1
  • Calculando a TIR e o VPL para o fluxo da última coluna à taxa de 10% a.a. obtemos:
  • TIR do projeto = 14,93 a.a. (Bom, pois TIR é maior que o CMPC de 10%);
  • VPL do projeto = $ 136.655,37 (Bom, pois VPL é positivo, ou seja, maior do que zero);
  • O fluxo de caixa operacional após o IR desconsidera os juros do financiamento;
  • O VPL positivo calculado com base no fluxo de caixa operacional implica em dizer que o projeto tem capacidade de pagar o custo da dívida e gerar para o acionista um caixa que descontado pelo CCP é maior do que zero. Dizendo de outra maneira: “O fluxo de caixa do acionista paga o custo do capital próprio e faz sobrar alguma coisa”. Portanto, estamos diante de um projeto criador de valor para o acionista.
Questão 2
  • Para determinar o fluxo de caixa do acionista, temos que tirar do fluxo de caixa projetado de $ 116.750 os juros de $24.000, que representam 8% do financiamento de $300.000 (metade de $600.000). Portanto, o fluxo de caixa do acionista projetado para 10 anos é de $92.750 (mais o valor residual de $50.000 no décimo ano);
  • O fluxo de caixa do acionista (VPL do acionista) descontado ao CCP de 12% a.a. é de $240.157 e a TIR do acionista é de 28,85% e neste caso, o projeto também é viável.
COMENTÁRIOS FINAIS
♦ Para criar valor para o acionista os projetos deverão oferecer sistematicamente uma taxa de retorno sobre os investimentos operacionais maior do que os custos da estrutura de capital que financiam os investimentos. É uma necessidade superar expectativas de retorno para os acionistas ficarem “mais ricos”;
♦ A TIR calculada com base no fluxo de caixa da operação deverá ser comparada com o CMPC (custo médio ponderado de capital). A TIR calculada com base no fluxo de caixa do acionista deverá ser comparada com o CCP (custo do capital próprio);
♦ Se a TIR da operação for superior ao CMPC, indica que o investimento paga o custo do capital de terceiros, paga o custo do capital próprio e deixa um excedente que aponta o quanto efetivamente o investidor do projeto ficará mais rico. A mesma interpretação é dada ao VPL quando ele é positivo.
♦ Para calcular o VPL de um fluxo de caixa da operação deveremos descontá-lo pelo CMPC. Para calcular o VPL de um fluxo de caixa do acionista deveremos descontá-lo pelo CCP;
♦ Em uma avaliação de um projeto de investimento, não podemos esquecer de fazer todos os ajustes possíveis no fluxo de caixa, no tocante a depreciação e imposto de renda, de modo a não distorcer a análise final. Também é fundamental entender o problema corretamente, além de procurar definir o banco de premissas maios consistente possível.
Boa Sorte.                                 

terça-feira, 2 de agosto de 2016

PROJETOS DE INVESTIMENTO - Análise de Retorno 1





PROJETOS DE INVESTIMENTO


A missão da administração de uma empresa é criar valor para os acionistas.
Toda empresa tem um valor, medido pela sua capacidade de pagar dividendos para seus acionistas. Portanto, elevar os dividendos implica em aumentar o valor da empresa para seus acionistas e para elevar os dividendos os administradores buscarão melhorar o desempenho dos negócios atuais e introduzir novos negócios/projetos.
Portanto, o que é preciso para que um projeto de investimento crie valor para os acionista. Será isso que veremos nesse artigo, abordando os conceitos e procedimentos básicos da matéria. Uma atenção especial será dada ao cálculo da Taxa Interna de Retorno (TIR) e do Valor Presente Líquido (VPL) e nesse contexto a expressão projeto de investimento e investimento serão utilizadas como sinônimos.
Em próximo artigo (Análise de Investimento 2) avançaremos no assunto. Trataremos da depreciação, imposto de renda e aprofundaremos o conceito de valor residual. Observaremos a importância da utilização de capitais de terceiros para elevar o retorno para os acionistas
Caixa versus Lucro
A missão da empresa é criar valor para seus acionistas e toda empresa tem um valor que poderá ser quantificado pela sua capacidade de pagar dividendos a seus acionistas, portanto, um investimento é melhor avaliado quando se identifica sua capacidade de geração de caixa para o acionista.
Portanto, a análise de um projeto de investimento está suportada na construção e análise de um fluxo de caixa (e não de um fluxo de lucros).
Fluxo de Caixa Incremental
Na análise de investimentos somente interessam os fluxos de caixa incrementais, que é aquele provocado pela existência de um projeto de investimento. Normalmente o fluxo de caixa é composto de 3 elementos:
1. Investimentos em capital de giro e capital fixo;
2. Superávits ou Déficits durante a vida útil do investimento (o superávit é presumível), e
3. Valor residual (é o valor do investimento no último período de análise, geralmente o ano)
Para saber se o fluxo de caixa acima é incremental, basta que a não existência do investimento implique na não ocorrência do investimento de $1.000, na não ocorrência do superávit mensal de $50, e não existência do valor residual de $500.
Portanto, o procedimento de alocar uma parte do custo fixo da administração central na instalação de uma nova loja, por exemplo, é um procedimento equivocado. Este pedaço do custo fixo da administração central não desaparecerá se o projeto da nova loja for aceito ou não.
Métodos de Avaliação de Investimentos
São critérios para se decidir se um projeto de investimento deverá ser aceiro ou não. Os métodos mais tradicionais para avaliação de um projeto de investimento são:
1.Método do Payback;
2.Método da Taxa Interna de Retorno
3.Método do Valor Presente Líquido.

O exemplo apresentado a seguir elucidará nossa exposição.
Fluxos de Caixa Estimados
Payback é um método de avaliação de projetos de investimento que aponta o tempo de recuperação do capital investido. No exemplo citado, como o período de análise é anual, ambos os projetos apontam um payback de 2 anos. O inverso do payback é o retorno esperado de 50% (1/2) ao ano.
Pelo método do payback o projeto deverá ser aceito caso seu payback estiver abaixo do payback máximo exigido. Nosso projeto de payback de 2 anos deverá ser aceito se o payback máximo assumido for de 3 anos, por exemplo. O inverso é verdadeiro.
A primeira limitação no cálculo do payback está em não considerar o valor do dinheiro no tempo. Receber $4.000 no momento 1 vale mais do que receber $4.000 no momento 2. Portanto, com os dados acima o projeto A é superior ao projeto B. Esta limitação é facilmente corrigida, todavia permanece a segunda limitação, esta sim a mais importante e não corrigível. Vejamos o exemplo a seguir:
Fluxo de Caixa Estimados
Pelo método do payback o projeto A é melhor que o projeto B, entretanto o payback não leva em consideração o fluxo de caixa após o período de payback. Do ano 3 em diante o projeto B continua gerando um caixa de $4.000 e o projeto A um caixa de $1.000. É fácil perceber que o projeto B vale mais do que o projeto A. Dessa forma, o payback tende a privilegiar projetos de rápido retorno em detrimento dos projetos de retorno mais demorado, mas no geral mais atraentes do que os de retorno no curto prazo.
Evidentemente o fluxo de caixa estimado não é usual na prática, servindo para ilustrar a principal limitação do método payback que é mais utilizado quando se trata de analisar projetos que envolvem pequenas somas de dinheiro.


Taxa Interna de Retorno (TIR) significa a taxa de juros que iguala os fluxos de entrada e saída de dinheiro de um investimento em zero. Vamos supor que um indivíduo resolva investir $1.000 entre capital fixo e capital de giro em um comércio de temporada com vida útil estimada de 2 meses.
Ao final da temporada o indivíduo estima um superávit de caixa no montante de $100 mais um valor residual de $1.000, representado pela liberação do capital de giro mais a alienação dos ativos.
Neste caso, a TIR do investimento é de 10%, pois se descontarmos o fluxo de caixa da entrada de $1.100 por 10%, teremos o valor de $1.000 ($1.100/1,10), igualando os fluxos de entrada e de saída em zero ($1.000 - $1.000) e é sempre expressa em termos percentuais, portanto, dizemos sempre que “A TIR é de tantos % ao período”. Em nosso caso, a TIR é de 10% no período de 2 meses.
Podemos definir, portanto, a TIR como a produtividade estimada do investimento. Vamos investir $1.000 para ganhar 10% ao final de 2 meses. E o que significa uma TIR de 10% ? Será que ela é boa ou ruim ?
Definições da TIR:
1) Taxa de juros que iguala os fluxos de entrada e saída de dinheiro em zero, e
2) Produtividade estimada do investimento
Apenas a indicação da TIR nada diz, pois somente se saberá se esta taxa é boa ou ruim se ela puder ser comparada com os custos das fontes de financiamento que suportaram o investimento de $1.000.
Normalmente este custo é denominado Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC). Digamos que neste exemplo o investimento de $1.000 fosse financiado por $500 de financiamentos bancários custando 4% no período de 2 meses e por capital próprio do investidor com uma expectativa de retorno mínimo esperado de 8% para o mesmo período.
O CMPC será de:
CMPC
=
$500
x
0,04
+ $500 x 0,08
  
$1.000
   
$1.000
 
CMPC
=
0,06
=
6%
   
Portanto, o comércio de temporada é um projeto de investimento que deverá ser aceito pois o investimento de $1.000 oferece um retorno de 10% para 2 meses e a estrutura de financiamentos dos $1.000 custa 6% no mesmo período,significando que o investimento pagará o custo do capital de terceiros de 4%, pagará o custo do capital próprio de 8% e deixará um excedente de retorno para o acionista. Portanto o acionista sairá mais “rico” do que entrou. É um projeto criador de valor para o acionista.


O fluxo de caixa anterior é o da operação. Sua TIR é comparada com o CMPC, entretanto, podemos calcular o fluxo de caixa do acionista, que investirá $500 e receberá ao final de 2 meses $80 (diferença entre os $100 de superávit menos $20 que corresponde ao pagamento de 4% de juros sobre o financiamento de $500).
O fluxo de caixa do acionista é o seguinte:
Ao final de 2 meses, o investidor após liberar os ativos disporá de $1.100. Terá que devolver ao banco $500 de principal mais $20 pelos juros de 4%, ficando com $580 (corresponde a $500 do seu capital próprio investido mais $80 de caixa disponível para o acionista). Portanto, a TIR do acionista é de 18% para o período de 2 meses superior ao Custo do Capital Próprio de 8% ao ano ($580/1,18 - $500 = $0).
A TIR do acionista “fala mais perto” a linguagem do acionista. “Diz” que ele irá investir $500 em um empreendimento e obter um retorno de 18% em 2 meses, contra uma expectativa de retorno mínimo de 8%. Portanto, sairá mais “rico” do que entrou, pois suas expectativas de retorno serão superadas. A TIR da operação compara-se com o CMPC e a TIR do acionista compara-se com o CCP


O Valor Presente Líquido (VPL) representa a diferença entre o fluxo de entrada menos o fluxo de saída. O bom senso nos diz que todo projeto de investimento que tiver um fluxo de entrada superior ao fluxo de saída deverá ser aceito.
Vamos voltar a nosso exemplo anterior:
O financiamento do investimento de $1.000 continuará sendo feito com $500 de financiamentos bancários custando 4% em 2 meses e com capital próprio do investidor cuja expectativa de retorno no mesmo período é de 8%. Não podemos calcular o VPL diminuindo $1.000 de $1.100 pois os 2 valores estão em momentos diferentes, e como sabemos o dinheiro tem valor no tempo.
Ao final de 2 meses o capital de terceiros será de $520 já com os juros incorporados. Neste mesmo momento o capital próprio será de $540 também com sua expectativa de retorno incorporada. Portanto, a estrutura de capital com seus encargos será de $1.060 no momento 1. Portanto, no momento 1 teremos um valor de $1.100 para o fluxo de caixa de entrada e o valor de $1.060 para o fluxo de saída. O Valor Futuro Líquido (VFL) é de $40 ($1.100 menos $1.000). O Valor Presente Líquido (VPL) é calculado no momento zero, início do fluxo de caixa.
Para calcular o VPL deveremos trazer o valor de $1.100 deste fluxo de caixa da operação pelo CMPC de 6%, já calculado. Teremos $1.037,74 ($1.100/1,06). O VPL é de $37,74 ($1.037,74 - $1.000) e a relação entre $40 e $37,74 é de 6%, que é o CMPC ($40/$37,74).
Portanto VFL e VPL têm o mesmo significado, estando apenas calculados em momentos diferentes. Concluímos então que o projeto de investimento deverá ser aceito porque o VPL de $37,74 aponta que o fluxo de caixa de entrada é superior ao fluxo de caixa de saída e significa que o projeto paga o custo do capital de terceiros, paga o custo do capital próprio e deixa um retorno extra para o acionista indicando que ele sairá do negócio mais “rico” do que entrou, pois suas expectativas de retorno serão superadas.


No exemplo anterior o VPL apresentado foi o da operação. Para apresentar o VPL do acionista vamos analisar o fluxo de caixa também apresentado na etapa anterior:
O capital próprio do investidor continuará com a expectativa de retorno de 8% para 2 meses e não podemos calcular o VPL diminuindo $580 de $500 pois os 2 valores estão em momentos diferentes, e como sabemos, o dinheiro tem valor no tempo. Assim, ao final de 2 meses o capital próprio será de $540 já com sua expectativa de retorno incorporada.
Portanto, no momento 1 teremos um valor de $580 para o fluxo de caixa de entrada e o valor de $540 para o fluxo de saída. O Valor Futuro Líquido (VFL) é de $40 ($580 menos $540).O VFL é sempre calculado no último período do fluxo de caixa. O VPL é calculado no momento zero.
Para calcular o VPL deveremos trazer o valor de $580 deste fluxo de caixa da operação pelo custo do capital próprio de 8%, já calculado. Teremos $537,04 ($580/1,08).O VPL é de $37,04 ($537,04 - $500) e a relação entre $40 e $37,04 é de 8%, que é o CCP ($40/$37,04).
Portanto VFL e VPL tem o mesmo significado, estando apenas calculados em momentos diferentes. O projeto de investimento deverá ser aceito porque o VPL de $37,04 aponta que o fluxo de caixa de entrada é superior ao fluxo de caixa de saída, significando que o projeto paga o custo do capital próprio e deixa um retorno extra para o acionista, indicando que ele sairá do negócio mais “rico” do que entrou, pois suas expectativas de retorno serão superadas.
PRINCÍPIO DA RIQUEZA: SOMENTE FICAMOS RICOS SE POSSUÍMOS ATIVOS QUE VALEM MAIS DO QUE O CAPITAL INVESTIDO
RESUMINDO
Sempre que o VPL do acionista for maior que zero, significa que o mesmo criou valor para o acionista.
Sempre que o VPL do acionista for menor que zero, significa que ele destruiu valor para o acionista.
Sempre que o VPL do acionista for igual a zero, significa que ele atendeu às expectativas do acionista, não criando nem destruindo valor.
COMENTÁRIOS FINAIS
♦ Para criar valor para o acionista os projetos deverão oferecer sistematicamente uma taxa de retorno sobre os investimentos operacionais maior do que os custos da estrutura de capital que financiam os investimentos. É uma necessidade superar expectativas de retorno para os acionistas ficarem “mais ricos”;
♦ A TIR calculada com base no fluxo de caixa da operação deverá ser comparada com o CMPC (custo médio ponderado de capital);
♦ A TIR calculada com base no fluxo de caixa do acionista deverá ser comparada com o CCP (custo do capital próprio);
♦ Para calcular o VPL de um fluxo de caixa da operação deveremos descontá-lo pelo CMPC; ♦ Para calcular o VPL de um fluxo de caixa do acionista deveremos descontá-lo pelo CCP;
Boa Sorte