quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Analisando Melhor o Valor Presente Líquido - MVPL




INTRODUÇÃO
Hoje vamos examinar melhor o Valor Presente Líquido, introduzindo algumas considerações analíticas a respeito do seu comportamento frente a novos parâmetro de mensuração, chamando-o de MVPL, ou Valor Presente Líquido Modificado, que nada mais é que uma análise avançada da TIR - Taxa Interna de Retorno versus VPL ou MTIR x MVPL.
Para analisar um novo investimento constrói-se um fluxo de caixa. Este fluxo de caixa estimado é chamado de: fluxo de caixa operacional ou fluxo de caixa livre. “Livre” para remunerar o capital de terceiros e remunerar o capital do acionista, ambos utilizados para financiar o novo investimento.
Os déficits projetados indicam a necessidade de contratar recursos.
Os superávits projetados indicam a possibilidade de aplicar recursos.
O método para avaliação de novos investimentos através da TIR (Taxa Interna de Retorno) pressupõe:
  • Que os déficits são financiados a um custo equivalente à própria TIR.
  • Que os superávits são aplicados a uma taxa equivalente à própria TIR.
Todavia, este pressuposto implícito no cálculo da TIR, não se aplica na realidade do dia a dia da empresa, pois:
  • Os déficits são financiados a uma taxa de mercado, em tese pelo custo de capital do projeto, e não a própria TIR.
  • Os superávits são aplicados a uma taxa de mercado, e não a própria TIR.
A MTIR (Taxa Interna de Retorno Modificada) vem corrigir esta distorção.
A MTIR, recurso disponível na planilha de cálculo Excel, permite que se estime a TIR considerando as taxas de captação e aplicação de recursos pelos seus números de mercado, entretanto, não existe disponível no Excel o conceito MVPL (Valor Presente Líquido Modificado), permitindo a comparação destas duas métricas entre si.
É o que trataremos neste texto.
RECICLANDO A PRÁTICA DA TIR E DA MTIR
Considere os dados do exemplo a seguir:

Se o custo de capital deste novo investimento for de 14% ao ano, o novo investimento merece ser aprovado.
Motivo: TIR de 18,02% ao ano cobre o custo de capital de 14% ao ano.
A TIR de 18,02% ao ano pressupõe que os déficit de $100 no ano 1 é financiado à taxa de 18,02% ao ano. Todavia, este déficit é financiado, em tese, ao custo de capital de 14% ao ano.
A TIR de 18,02% ao ano também pressupõe que os superávits estimados dos anos 2 e 3 são aplicados à taxa de 18,02% ao ano, e não a uma taxa de mercado, digamos de 5% ao ano.
Para estimar a MTIR vamos “empurrar” o déficit de 100 no ano 1 para o momento zero ao custo de capital de 14% ao ano.
Para estimar a MTIR também vamos “empurrar” o superávit de $500 no ano 2 e $600 no ano 3, ambos para o ano 4 a uma taxa de mercado de 5% ao ano.
Com estes procedimentos, iremos calcular a “verdadeira TIR mostrada na contabilidade da empresa”

A TIR “de fato” é de 14,68% ao ano, praticamente empatando com o custo de capital de 14% ao ano, tornando o investimento desinteressante.
Vamos repetir os dados do exemplo, agora com o cálculo do VPL tradicional.

O VPL de $116,45 pressupõe que o déficit de $100 do ano 1 é financiado ao custo de capital de 14% ao ano.
Porém, o VPL de $116,45 pressupõe que o superávit de $500 no ano 2 e $600 no ano 3 também são aplicados ao custo de capital de 14% ao ano. É como se a empresa sempre tivesse a oportunidade de aplicar em projetos com VPL no mínimo igual a zero.
A prova do que está escrito acima se encontra no quadro a seguir.

Nesse ponto da nossa análise temos 2 escolhas:
Escolha 1: Calcular o MVPL comparável com a MTIR de 14,68% ao ano.
Escolha 2: Calcular a MTIR comparável com o VPL de $116,45.

Agora sim podemos comparar a MTIR de 14,68% ao ano com o MVPL de $26,13.
Assim com a MITR de 14,68% ao ano encosta-se no custo de capital de 14% ao ano, o VPL de $26,13 encosta-se em zero. “Empate técnico”.
Ambas as medidas sinalizam que o projeto é desinteressante. Seria como trocar 6 por meia dúzia.
Vamos calcular a MTIR comparável com o VPL de $116,45.
Iremos captar dinheiro à taxa de 14% ao ano e também aplicar à taxa de 14% ao ano.


Agora sim podemos comparar o VPL de $116,45 com a MTIR de 16,94.
Assim com a MITR de 16,94% supera o custo de capital de 14% ao ano, o VPL de $116,45 é maior do que zero. “Já não temos mais o empate técnico”.
Ambas as medidas sinalizam que o projeto é interessante e merece ser aprovado.
Caro leitor
Pense no seguinte...
O que você acha que está mais alinhado com a realidade?
Opção 1: A empresa capta dinheiro ao custo de capital de 14% ao ano e aplica à taxa de mercado de 5% ao ano. Portanto, a MTIR de 14,48% ao ano de compara com o VPL de $26,13.
Opção 2: A empresa capta dinheiro ao custo de capital de 14% ao ano e aplica à taxa de mercado de 14% ao ano também. Portanto, a MTIR de 16,98% ao ano de compara com o VPL de $116,45.

Minha recomendação como consultor é a seguinte:

Se você achar que a análise deve ser conservadora, e apostar que os excedentes de caixa serão aplicados no mercado financeiro a uma taxa de mercado, assuma a opção 1. Você quer a TIR “bata com a contabilidade”.
Se você puder assumir que a empresa sempre irá encontrar projetos que ofereçam uma remuneração pelo menos idêntica ao custo de capital, aceite a opção 2.
Aos adeptos desta segunda opção, vai aqui um reforço conceitual:
Os superávits de caixa projeto devem ser interpretados como um dinheiro a ser distribuído aos acionistas na forma de dividendos, devolvendo o capital aplicado por estes e, conseqüentemente reduzindo seu custo que é de 14% ao ano.
Pense contabilmente: quando uma empresa distribui dividendos há uma diminuição do patrimônio líquido. Se for para ficar com dinheiro aplicado permanentemente no mercado financeiro a uma taxa de 5% ao ano, os acionistas prefeririam receber dividendos.
Faça sua escolha e lembre: não estamos diante de uma escolha entre o certo e o errado. Devemos escolher qual das 2 opções melhor se encaixa na realidade de nossa empresa.
Boa Sorte

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