quarta-feira, 27 de junho de 2012

MICROFRANQUIAS X MICROCRÉDITO







O diretor de microfranquias da ABF, Artur Hipólito, diz que informações sobre o setor devem baratear o custo do dinheiro:

Apesar de existirem no Brasil há décadas, as microfranquiasnunca tiveram uma presença tão destacada no mundo dofranchising como nos últimos dois anos. Com investimento inicial baixo e custos fixos mínimos, elas estão fazendo sucesso por permitir a abertura de negócios próprios por que pessoas que até então não tinham condições de empreender. Antes sequer mensurado em pesquisas, o setor foi estudado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) pela primeira vez em 2010. Juntas, as microfranquias faturaram R$ 3,49 bilhões no ano passado - o equivalente a 4,6% do faturamento total do franchising, de R$ 75,98 bilhões. Elas já somam 260 marcas, 14% das redes existentes no país.

De olho no crescimento do nicho, a ABF criou em 2011 a diretoria e o comitê de microfranquias, ambos liderados por Artur Hipólito, dono da rede Zaiom, detentora de marcas como Home Angels e Dr. Faz Tudo. O modelo nacional está mostrando resultados tão animadores que Hipólito viaja em outubro para a Costa Rica para falar da experiência brasileira no Fórum de Microempreendedorismo realizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento. O site Pequenas Empresas & Grandes Negócios conversou com Hipólito sobre o desenvolvimento das microfranquias no Brasil. Confira.

A ABF criou recentemente a diretoria de microfranquias e agora acabou de lançar um comitê sobre o mesmo tema. Qual a diferença entre os dois órgãos? 
A diretoria de microfranquias tem a função de coordenar a categoria. Ela tem objetivos estruturais e se preocupa em trazer as redes para a ABF. É dela a função de zelar para que os contratos sejam aprovados juridicamente e de fazer com que as empresas participem do comitê de ética, instância capaz de intervir em problemas entre franqueadores e franqueados.

E qual é a função do comitê? 
Ele surgiu com algumas funções: 1) assessorar as redes em termos de melhores práticas; 2) promover debates e obter informações precisas sobre o setor; 3) levantar novas oportunidades e análise das informações de mercado; e 4) aproximar as redes do poder público e do setor bancário.

Por que o comitê quer se aproximar do setor público e dos bancos? 
Queremos que as microfranquias tenham acesso ao microcrédito. Apesar de o ministro Guido Mantega estar apoiando publicamente essa modalildade de empréstimo, os bancos não se mostram interessados e estão deixando parado o dinheiro destinado ao microcrédito. Com o comitê, queremos gerar informações sobre o setor e provar aos bancos que microfranquias bem formatadas têm condição de receber crédito sem risco de inadimplência. Acredito que um dos principais canais para a disseminação do microcrédito seja a microfranquia.

Como diretor de microfranquias da ABF e presidente do comitê, você tem alguma outra missão? 
Vou batalhar para estabelecer uma distinção entre as microfranquias e os formatos mais tradicionais do franchising. Quero deixar claro que existe uma divisão por segmento, como beleza, serviços e alimentação, e outra por categoria. É muito injusto comparar, na mesma avaliação, negócios que exigem pequenos investimentos com aqueles que demandam centenas de milhares de reais. São duas medidas diferentes. A diferenciação por categoriais também vai ajudar os empreendedores a encontrarem mais facilmente um negócio adequado.

Como você vê o crescimento das microfranquias no Brasil? 
O momento atual é de lançamento de muitas operações novas e de consolidação de algumas marcas. Uma rede de franchising costuma viver três etapas: vender a franquia, implantar a franquia e consolidar a marca. Estamos caminhando para a confirmação da microfranquia como modelo de negócio rentável e com grande poder de inclusão social.

Por que inclusão social? 
Por que os franqueados, na sua maioria, são pessoas da classe C que estão tendo oportunidade de criar seu próprio negócio. Ou são ex-empregados que agora se tornaram patrões ou são autônomos que trabalhavam informalmente e agora podem ter uma empresa regularizada. As microfranquias também são geradoras de emprego, o que contribui para a inclusão social.

O que caracteriza uma microfranquia? 
São negócios com investimento inicial de até R$ 50 mil, faturamento médio mensal de R$ 30 mil, home-based ou não.

Uma microfranquia funciona apenas para o setor de serviços? 
O setor de serviços tem muitas ofertas, mas há muitos formatos. Tem na área de alimentação, como o caso dos carrinhos de espetinhos e quiosque de choperias. Existem negócios na área de educação, turismo, comércio.

Qual é a receita do sucesso de uma boa microfranquia? 
Em termos de rede, o candidato deve pesquisar se o franqueador é organizado e se a circular de franquia está com informações completas. É importante ouvir franqueados e outras pessoas que conheçam a operação. É preciso também que o franqueado siga rigorosamente as padronizações da rede e tenha consciência de que, para ter sucesso, ele vai ter que trabalhar como nunca.

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